Image by Tibor Janosi Mozes from Pixabay.
As fagulhas da insensatez.
Então, aqui estamos caminhando nesse nível existencial que propuseram a nós e que temos como opção de jornada. Uns chamam de destino eu nas minhas alegorias fantásticas chamo de trajeto definido antecipadamente para cumprir um propósito previamente acordado com objetivo específico no teatro da vida. Somos apenas uma pecinha que contribui com o todo nesse oceano cósmico de argumentações. Não se apavorem com meu lirismo exacerbado, eu sempre fui exagerado nas premissas ultrajantes da semântica fantástica. Eu adormeço ao flutuar nas margens de um incêndio que as palavras podem provocar. Características e particularidades de um doido varrido, provavelmente, não faço parte da textura daquilo que se considera normal. Mas o que seria da loucura se não houvesse o contraditório, a outra metade para equilibrar a insensatez das chamas que bailam freneticamente no absurdo, aspergindo seus filhotes em forma de fagulhas para corromper o amanhã? E sendo assim, vou oferecendo o que tenho, conhecimento, e um pouco de luz entre os momentos indefinidos de apostasia ideológica que fortuitamente vou semeando em almas comprometidas com a loucura. O meu trabalho é te desencaminhar , te oferecer alternativa, fora dos ditames obscuros onde você vive, e se sente até aqui confortável, como se detivesse toda a verdade do mundo. Pois é isso que a ilusão entrega, o conforto sedoso do engano, uma trapaça mental, psicológica para que ninguém perceba as grades em formação no perímetro de vida. As palavras aconchegantes de igualdade diferenciam seu destino, e te aprisionam numa lacuna oportunista onde teu esforço será conduzido para dar boa vida a poucos. Um lugar exótico onde o inconcebível e inaceitável se tornam parâmetro justo de vida. Sem perceber, ou se dar conta, você passa a elogiar o crime ou o criminoso como se fosse qualidade, e assim em pouco tempo, você será parte desse conjunto de comportamentos inadequados e destrutivos, e ainda achará tudo isso bom. A miséria que lhe aguarda será a recompensa por não pensar e analisar o cenário com critério correto. Bom, não se preocupem comigo ou com que escrevo, estou na periferia literária, abandonado ao ostracismo cultural pelos “inteligentes” da área. Essa gente despreza aquilo que não entende, não os condeno completamente, acredito que muitos não conseguem entender direito o que escrevo, o que seria óbvio dentro do contexto miserável do ensino básico atual.
Mas o produto está no balcão dessa feira ocasional para ser avaliado e consumido, basta ter boa vontade e interesse. Um ser humano sem interesse em adquirir mais conhecimento não está longe de um quadrúpede de corte para consumo em alguma fazenda de criação de ruminantes. E assim nesse incêndio cognitivo que lança suas labaredas ferozes no corpo das almas desprevenidas e preguiçosas o futuro passa a ser completamente incerto e talvez nem exista com algo desejável de caminharmos rumo a ele. O que hoje a ilusão proporciona de conforto ao dar um perfil engajado com as supostas “melhores” causas humanas, será a aflição do abandono completo de um amanhã sem perspectiva nenhuma de qualidade de vida. Então, pertença a si mesmo, Ortega y Gasset comenta a respeito disso: “Na medida em que eu penso e faço, não por evidência própria e individual, mas repetindo o que se diz e o que se opina, minha vida deixa de ser minha, deixo de ser personagem individual que sou, e ajo por conta da sociedade: sou um autômato social, estou socializado. Mas em que sentido essa vida coletiva é vida humana?”. Tudo gira em torno e pertencimento, seja seu, não se ofereça para ser mais um na massa coletivizada, tenha seus princípios e seus valores, o que parece conforto não passa de controle sistematizado para domínio grupal e de condução de grupos dominados para determinado fim, que dificilmente coincidirão com seus sonhos e objetivos pretendidos. Essa conversa que sempre procuro ter com meus parcos leitores ocasionais é para conscientização dos que almejam se libertar desse domínio infame que enxerga o povo como rebanho. Luto intelectualmente com poderes colossais de controle, provavelmente serei derrotado, esquecido mas me fizeram persistente e que aprecia ser inconveniente, aquele que cria confusão. O pouco que conquistei na vida foi à custa de dedicação e persistência. Desafios me incentivam. O pouco que ofereço são parcelas dessa inquietude, que não se conforma com liturgias e procedimentos padronizados e com discursos políticos enviesados com a finalidade da trapaça, se fazer de bom não o é suficiente comigo. Como o magnífico Raul Seixas disse, “eu sou a mosca na sopa, vim para lhe atormentar”.
Desse jeito, ao excluirmo-nos da filosofia da vida, seremos objeto inerte e adaptável para uso de terceiros sem uma vida própria provável que possa assim ser considerada saudável existencialmente para o que pretenderíamos ser. A arquitetura sublime da liberdade terá sido corrompida e no seu lugar será imposta uma animalização brutal de conceitos perversos quanto a natureza do homem. Essa corrupção cognitiva presente na nossa realidade hoje terá um custo imenso para as futuras gerações, um país arrasado , uma elite reduzida vivendo com reis e a miséria sistêmica e perene como herança de uma geração de idiotas passivos que aceitaram a domesticação ideológica imposta a todos. Entendam Ortega y Gasset: “Eis que nossa análise, sem tê-lo buscado nem premeditado, sem precedentes formais – ao menos que eu saiba – nos pensadores, põe em nossas mãos algo desnorteante e até terrível, a saber: que a coletividade é, sim, algo humano; mas é o humano sem o homem, o humano sem espírito ,o humano sem alma, o humano desumanizado”. Não adianta argumentar que uma vida oblíqua terá sucesso se ela não possui o essencial, a esperança dentro desse arquétipo pobre e desidratado para se tornar controle. Sem sentimentos e sensações teremos apenas uma automatização do conceito viver, ou melhor seria dizer, sobreviver. Uma sobrevida para ser útil apenas ao propósito de criar satisfação para terceiros, e nunca para si e os seus. Acessoriamente vivo para complementar desejos outros e proporcionar conforto e prazer apenas para alguns. Fazemos isso agora com a inteligência artificial e com robôs, criando unidades para proporcionar prazer, inclusive sexual.
Não os estamos criando para apenas conforto doméstico e auxilio a atividade de trabalho, dentro dessa lógica, existirão os escravos sexuais nessa área também. Não pense que quem pensa assim, não ousaria fazer o mesmo com outro ser humano também, um objeto de satisfação de suas perversões. O atributo ética não costuma frequentar cérebros devassos. Os extremos são da natureza do homem, de anjo a demônio não há parede divisória entre comportamentos, resta apenas possuir um controle que hoje está cada vez mais raro, o amor a seu semelhante. Se você não vê em outra pessoa alguém igual a você, todo delírio invasivo passa a ser permitido, uma vez que o seu próximo é diferente, e provavelmente será julgado como inferior. Essa característica selvagem ainda presente em nós, gerou a escravidão. São os “outros”, aqueles que parecem conosco mas não são iguais, não possuem nosso pedigree, a nossa origem nobre. Para finalizar esse ensaio, mais ou pouco de Ortega y Gasset: “Agora vemos como a palavra “outros” significa o indivíduo abstrato, isto é, o indivíduo esvaziado de sua única e inconfundível individualidade, o qualquer, o indivíduo desindividualizado; em suma, “um quase indivíduo” ”. Estamos no campo do indivíduo institucionalizado, aquele tipo de gente que foi absorvido de tal maneira pelo ambiente, lugar ou ídolo, o ser que não possui mais sua personalidade, não vive mais fora do ambiente no qual se agregou. Ele hoje, faz parte de algo , um lugar onde definitivamente não pertence, mas vive apenas por isso, como um processo parasitário que lhe dá características próprias do ambiente ao qual se agregou. Na maioria das vezes, não há possibilidade de retorno a uma vida individual normal e independente para essa vítimas, sim, são vitimas de um sistema onde foram enraizados e de onde alimentam seus devaneios nos delírios em camadas fornecidos por quem controla essa fazenda de almas humanas infelizes. Parece o inferno? Talvez seja.
Gerson Ferreira Filho.
ADM 20 – 91992 CRA – RJ.
Citação:
O
homem e os outros. José Ortega y Gasset. Vide Editorial.
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